Pesquisas

Associação Filmes de Quintal

A Associação Filmes de Quintal tem se destacado como instituição de pesquisa, desenvolvendo projetos relativos à documentação, registro audiovisual, promoção e divulgação de conhecimentos sobre a diversidade cultural e a dinâmica social, no Estado de Minas e em outras regiões do Brasil. Dentre esses projetos ressaltamos:

Inventário/Mapeamento das Comunidades Tradicionais de Terreiro

A pesquisa socioeconômica e cultural das comunidades tradicionais de terreiro nas capitais e regiões metropolitanas dos Estados do Pará, Pernambuco, Minas Gerais e Rio Grande do Sul foi realizada junto ao Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, em parceria com a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial e Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura/UNESCO.

Como foco da pesquisa, enfatizou-se a dimensão comunitária e o caráter étnico, considerando-se a organização social e o trabalho tradicionalmente desenvolvido pelas comunidades de terreiro. Como resultado dessa pesquisa, foi realizado o mapeamento/localização e registro fotográfico de tais comunidades, além de uma caracterização sócio-cultural que aponta para a diversidade de expressões e para um cenário extremamente plural das religiões de matriz africana no Brasil – que se autodenominam como candomblé, umbanda, batuque, nação, tambor de mina, xambá, omolocô, pajelança, jurema, quimbanda, xangô, dentre outras variantes rituais.

Tal pesquisa levantou aspectos socioeconômicos relativos às condições de segurança alimentar em cada uma das comunidades pesquisadas. Tais registros serão publicados em edição de cinco volumes e em um site específico, significando uma contribuição para o reconhecimento e fortalecimento político-cultural das comunidades tradicionais.

Resultados quantitativos: em Belém foram mapeadas 1.189; em Belo Horizonte, 353; em  Porto Alegre, 1.342; em  Recife: 1.261, em um total de 4.045 comunidades tradicionais de terreiro cadastradas.

Iphan – Livro Vivo

Realizado em parceria com os índios Huni Kuin do Rio Jordão, o projeto Livro Vivo foi idealizado por Agostinho Muru Mateus Kaxinawá (Ikamuru Huni Kuin), pajé da aldeia Centro de Memória São Joaquim, e Dua Busé, pajé e pesquisador da aldeia Coração da Floresta.

O Livro Vivo traz as pesquisas dos pajés sobre a medicina tradicional Huni Kuin. Essas pesquisas relatam o surgimento das doenças, suas categorizações e tratamentos. Para os Huni Kuin, cada grupo de  doença está relacionado a um grupo de animais e seu tratamento é realizado a partir da combinação de ervas específicas. As “ervas medicina”, como são denominadas pelos pajés, surgiram da transformação dos primeiros Huni Kuin  em famílias de plantas, cujo uso foi transmitido de geração em geração desde os tempos antigos até os dias de hoje. As ervas estão divididas em quatro grupos, que representam as quatro famílias originais Huni Kuin: Inu, Inani, Dua e Banu.

O projeto tem como objetivo principal a documentação, ampliação e difusão do conhecimento Huni Kuin dentro da própria comunidade. Haverá a edição e publicação do Livro Vivo e a realização de um filme (“Shukushukue”), em colaboração com pesquisadores, cineastas, professores indígenas e pajés das TIs Alto e Baixo Rio Jordão e Seringal Independência. Livro Vivo: Medicina Tradicional Huni Kuin é uma realização da Associação Filmes de Quintal em parceria com o Grupo de Estudos Trandisciplinares Literaterras (UFMG) e a comunidade Huni Kuin do Rio Jordão, com o apoio do IPHAN, Ministério da Cultura e Ministério da Educação.

Imagem-corpo-verdade

O Projeto “Imagem-Corpo-Verdade: trânsito de saberes maxakali” teve o incentivo do Ministério da Cultura e o patrocínio do Programa Petrobrás Cultural. O seu principal objetivo foi instigar a formação técnica de cineastas, escritores e fotógrafos indígenas da etnia maxakali – habitantes da região dos vales dos rios Mucuri e Jequitinhonha, Minas Gerais –, por meio de um trabalho conjunto de especialistas, índios e não-índios, em suas respectivas arenas de saber.

O projeto resultou na publicação de dois livros que trazem à cena um pouco da cosmologia maxakali, de onde se destacam dois conjuntos rituais. Os dois livros: Cantos e histórias do morcego-espírito e do hemex e Cantos e histórias do gavião-espírito, reúnem 269 cantos em maxakali, com tradução para o português, e vêm acompanhados de DVDs com gravações de áudio dos rituais, selecionados e editados pelos pajés, além de ilustrações produzidas pelos próprios indígenas, que representam uma escrita pictórica dos cantos.Esses livros foram fruto do trabalho continuado de uma equipe de pesquisa coordenada pela professora Rosângela Pereira Tugny, da Escola de Música da UFMG. O projeto resultou também na publicação de um catálogo de fotos, montado em conjunto com a fotógrafa Ana Alvarenga, tomando o cotidiano e a vida ritual desde o ponto de vista das mulheres de uma das aldeias maxakali. Resultou ainda na finalização de dois filmes, feitos em parceria com o Instituto Caititu, nos quais se vê a imprevisível, mas  reiterada, indiscernibilidade entre as atividades da vida ordinária e os momentos cerimoniais. São eles Caçando Capivara/ Kuxakuk Xak e Acordar do dia | Ayõk Mõka Ok Hãmtup.